Osorio e a sua produção literária
Osorio, quando era jovem, aos 14 anos de idade, conhecia a natação, a equitação e a dança. Montava em qualquer animal, sendo bravo ou sendo manso, encilhado ou em pêlo, sempre demonstrando bravura, vigor e qualidades práticas inigualáveis. Porém uma curiosidade começa a despertar-lhe quando escuta as conversas militares de seu pai, de tudo ele indagava, perguntava demonstrando muito interesse. Parecia que ele admirava a intensa carreira militar de seu pai e desejava segui-la. Então Osorio se tornou soldado, não porque quisesse verdadeiramente, mas porque a isso levaram as circunstâncias, ele sempre brincava de capitanear a gurizada da estância e da escola de Miguel Alves formando partidos e construindo lanças de pau.
Osorio como soldado possuía um forte traço de sua personalidade, como nenhum outro sobrepujou em qualidades, mas sem amar a vida da farda. Ele não amava o campo de batalha e nem o tumulto dos acampamentos. Preferia estudar, tinha vontades de aprender novas línguas e era muito interessado em política e em livros, aguçava-lhe o gosto literário. Seu pai era um homem sem recursos e não possuía condições de sustentar o filho em uma cidade grande a fim de lhe conceder os estudos.
Silva Borges, decidindo fazer do filho um soldado leva-o consigo, tornando-o cadete no momento oportuno e assim, com o passar do tempo, Osorio vai aceitando a idéia do pai e passa a acolher a vida militar, uma vida que é lembrada até os dias de hoje.
Com uma liderança carismática, Manoel Luis Osorio não tratava seus subordinados com indiferença, era muito comum encontrá-lo conversando nos acampamentos, tomando mate, exercendo uma liderança nata. Ele era muito saudado quando chegava aos campos de batalha, local onde apeava o cavalo para cumprimentar sua tropa, é por essas razões que a literatura ao seu respeito nos informa claramente que ele era um homem admirado por todos os seus comandados.
Durante as muitas batalhas na vida de Osorio, ele passa a sofrer de amores por Ana, uma moça cuja família, uma das mais ricas da vila, era conhecida íntima de um dos colegas de Osorio. Este os põem em relações e assim inicia o primeiro e talvez o único infortúnio amoroso na vida de Osorio. Os pais de Ana não permitiam tal relação entre os dois, devido às condições financeiras de Osorio. Um tenente na época ganhava muito pouco e não sustentaria com todo o conforto a jovem Ana. Quanto mais é proibido o amor dos amantes, mais eles se amam, tornando o desejo cada vez maior e formando uma intriga contra a família da moça.
Nesse período Osorio se hospedava na mesma vila onde morava Ana, e os pais da jovem donzela não ficavam tranqüilos com isso. Foi então que apelaram para a amizade do Comandante das Armas, o Marechal Sebastião Barreto Pereira Pinto, que concedeu um destacamento na fronteira para Osorio. Partindo sem revolta para uma nova missão, o Tenente vai com o coração cheio de amor e inicia uma composição lírica, em versos, da história desse amor.
“Contra a vontade te deixo
Porque o fado quer assim,
Vou suportar no desterro
Delírio ardente sem fim!”
Porém, a família de Ana não dá descanso para Osorio e a impede de fazer o que chamam de um mau casamento, arranjando-lhe um novo e bom partido. O casamento é consumado e quando esta notícia chega até Osorio ele escreve mais versos e registra sua mágoa.
“Por lei do fado tirano
Voou do meu coração
A minha doce ilusão
Nas asas do desengano.”
Educado e criado nas labutas da guerra, tendo uma escolaridade rudimentar, expressava seus sentimentos em versos que às vezes apresentavam erros na escrita, porém na palavra falada eles não eram evidentes, não era encontrada incorreção. Aí estão algumas das citações de Osorio:
“Eu não sou dos que pensam que o Exército não deve cuidar da ordem pública, porque a Nação é quem paga o soldo. E não é seguramente para estar só no quartel aprendendo o manejo.”
“Em matéria de serviço público, não indago a posição dos brasileiros na política, e sim quais o que cumprem bem os seus deveres em bem da Pátria.
A caminho da guerra dos farrapos, Osorio conhece outra jovem, Francisca de Oliveira, pela qual se encanta profundamente, ocupando o lugar de Ana em seus pensamentos. Casa-se com Francisca em Bagé no dia 15 de novembro de 1835. E então logo parte para a guerra se despede da jovem esposa:
Já soa o clarim de Marte!
Vou deixar-te, minha amada!
Suspirando corro às armas.
Adeus, mulher adorada.
Baixando à campa,
Frio jazigo;
A tua imagem
Irá comigo."
Ao contrário do que muitos pensam -inclusive nós, integrantes deste humilde grupo-, Osorio não se restringiu a escrever sobre batalhas, mortes e armas, mas sim sobre suas angústias pessoais, que, na sua condição de Comandante, muitas vezes tivera que omitir, para que seus comandados não percebessem aflições e dores amorosas. Como vemos, ele foi um homem de poucas, porém profundas palavras sobre sua vida pessoal. Além disso, vemos que, para esquecer a dor de perder sua amada, se lança aos campos de batalha, como forma de fuga para os problemas. Osorio, apesar de não ter uma instrução densa e profunda, se mostrou hábil com palavras, ainda que simplórias e humildes.
Bibliografia:
livro OSORIO síntese de seu perfil histórico
J.B. Magalhães
editora Bliblioteca do exército
páginas 30 a 51
Flávia
1 Comentários:
Pessoal, desculpe a demora em me comunicar... O novo Blog está muito bom, ficou mas nítido para a leitura. O trabalho de vocês está bonito, organizado e rico em informações interessantes. Gostei muito do conteúdo.
Um abraço,
Ten Sabrina.
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